Padeiros, velhinhos, comerciantes, malta nova, homens comuns e artistas. Todos são o rosto do povo do Bairro Alto. Nas lembranças desta humanidade vária e heterogénea está conservada a história de um dos locais mais característicos e peculiares de Lisboa. E hoje que tudo está a mudar, hoje que o Bairro tornou-se na Disneyland do divertimento "à portuguesa", onde cada noite desembarcam as frotas de turistas, os jovens das periferias, e os dealers encontram os seus clientes, hoje que no Bairro se constroem grandes complexos imobiliários, hoje todos estes testemunhos têm ainda mais valor. Seguindo as vozes do Bairro Alto pelas ruas vazias do dia e pela excitação das noites, passando pelas casas e pelos bares, acompanhando as linhas dos graffiti nos muros, através de passado, presente e futuro, não só vamos inscrever a vida de um bairro, mas também vamos traçar o compósito rosto do seu povo. - Rui Simões

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Morte anunciada


Estamos solidários com a centenária Livraria Sá da Costa (Rua Garrett, 100) que anunciou encerrar no dia 22 de Julho, juntando-se àquilo a que chama “Lisboa desaparecida”. Ao longo da nossa deriva pelo Bairro Alto, demo-nos conta de outros casos semelhantes, como o das livrarias Olisipo e Artes e Letras, vizinhas uma da outra no Largo Trindade Coelho (também dito da Misericórdia, de São Roque ou do Cauteleiro).

Os proprietários, José Vicente e Luís Gomes, respectivamente, estão desolados com o Artigo 1101, que, dando plenos poderes aos senhorios permite a estes últimos subir indiscriminadamente os preços de arrendamento. “O que foi a tradicional rota das Livrarias e Antiquários nesta zona histórica da cidade passará a ser a nova rota dos Hotéis de Charme e dos Hostels”, comentou o dono da Olisipo em carta aberta à Câmara Municipal de Lisboa, lamentando a descaracterização da cidade. 

Segundo O Corvo, consta que os restaurantes Expresso (onde já nos sentámos à mesa) e Adega de S. Roque e a pensão Estrela de Ouro estão igualmente condenados à guilhotina.


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