Padeiros, velhinhos, comerciantes, malta nova, homens comuns e artistas. Todos são o rosto do povo do Bairro Alto. Nas lembranças desta humanidade vária e heterogénea está conservada a história de um dos locais mais característicos e peculiares de Lisboa. E hoje que tudo está a mudar, hoje que o Bairro tornou-se na Disneyland do divertimento "à portuguesa", onde cada noite desembarcam as frotas de turistas, os jovens das periferias, e os dealers encontram os seus clientes, hoje que no Bairro se constroem grandes complexos imobiliários, hoje todos estes testemunhos têm ainda mais valor. Seguindo as vozes do Bairro Alto pelas ruas vazias do dia e pela excitação das noites, passando pelas casas e pelos bares, acompanhando as linhas dos graffiti nos muros, através de passado, presente e futuro, não só vamos inscrever a vida de um bairro, mas também vamos traçar o compósito rosto do seu povo. - Rui Simões

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Assentos de ouro


Guardámos na algibeira o precioso cartão da oficina O Seu Trono É, onde os Oliveira (pai e filho) resistem no ofício artesanal de estofador. Foi ali que, ainda no final da década de 80, colaboraram com a antiga vizinha Móveis Olaio.



José Oliveira trabalha há 57 anos na oficina O Seu Trono É

terça-feira, 30 de julho de 2013

Capicua e Gisela

Metemos o nariz na conversa da fadista barcelense Gisela João e da rapper portuense Capicua, com quem nos cruzámos no jardim do Príncipe Real. Disse a primeira que Lisboa representa “a mulher” pela “luz” e as “curvas das sete colinas”. A segunda, roubando palavras a Carlos Tê, acrescentou que já o Porto é um homem tímido: “nesse timbre pardacento/ nesse teu jeito fechado/ de quem mói um sentimento"...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

ALTO BAIRRO



Quantas vidas tem um bairro? Quantas vidas tem um filme? Da nossa jornada, em constante metamorfose, surgiu o novo título do nosso documentário – ALTO BAIRRO. Mudámos também de página no Facebook. Façam Like e sigam-nos por lá: http://www.facebook.com/altobairrofilme.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Cantador de histórias



Segundas, terças e quartas são noites de enchente na Tasca do Chico (Rua do Diário Notícias). Foi lá que, encolhidos num banco corrido, a ver entrar e sair gente num constante rodopio, ouvimos as cantorias do senhor Reinado Gonçalves. Presença assídua naquela taberna, com um singular jeito de contador de histórias, Reinado não nos deixou partir sem a promessa de decorarmos a letra de um fado, facultado pelo próprio, a cantar na semana seguinte. Diz a primeira estrofe: “Um Sábio certo dia passeava/ Num lago de recreio, num lindo bote/ E quem airosamente o tripulava/ Era um rude barqueiro já velhote”.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Morte anunciada


Estamos solidários com a centenária Livraria Sá da Costa (Rua Garrett, 100) que anunciou encerrar no dia 22 de Julho, juntando-se àquilo a que chama “Lisboa desaparecida”. Ao longo da nossa deriva pelo Bairro Alto, demo-nos conta de outros casos semelhantes, como o das livrarias Olisipo e Artes e Letras, vizinhas uma da outra no Largo Trindade Coelho (também dito da Misericórdia, de São Roque ou do Cauteleiro).

Os proprietários, José Vicente e Luís Gomes, respectivamente, estão desolados com o Artigo 1101, que, dando plenos poderes aos senhorios permite a estes últimos subir indiscriminadamente os preços de arrendamento. “O que foi a tradicional rota das Livrarias e Antiquários nesta zona histórica da cidade passará a ser a nova rota dos Hotéis de Charme e dos Hostels”, comentou o dono da Olisipo em carta aberta à Câmara Municipal de Lisboa, lamentando a descaracterização da cidade. 

Segundo O Corvo, consta que os restaurantes Expresso (onde já nos sentámos à mesa) e Adega de S. Roque e a pensão Estrela de Ouro estão igualmente condenados à guilhotina.


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Viagem no tempo

Ao nos desviarmos da realidade para a ficção, pusemos também um pé fora do Bairro Alto. Fomos no encalço dos cabides sem-fim do Guarda-Roupa Maria Gonzaga (Estrada dos Prazeres, 57-59), que há mais de vinte anos aluga e confecciona de raiz figurinos para a sétima arte. Fechámos os olhos e, entre outras paragens, acordámos no Bairro Alto dos anos 50. 



segunda-feira, 8 de julho de 2013

Bairro Alto, alta temperatura

Degrau a degrau, descemos às cabinas labirínticas do Trombeta Batha sauna gay do Bairro Alto que tão oportunamente roubou o nome à Rua do Trombeta. Um projecto acalorado de João Costa, que despiu o fato de engenheiro civil para mergulhar de corpo e alma nos vapores arroxeados que há três anos animam o número 1C daquela rua.